quinta-feira, 1 de agosto de 2013

Jaulas vazias - Tom Regan - resenha


Foi o último livro que li em relação aos direitos dos animais, recomendo e por meio dessa resenha direi o porquê. Trata-se de uma ótima referência bibliográfica para quem está querendo adquirir conhecimento sobre o tema, e, também, para quem já tem algum conhecimento, pois é sempre válido uma nova perspectiva. Confesso que, mesmo com anos pesquisando informações sobre essa problemática, muitos detalhes sórdidos foram novidade para mim.

O autor desconfigura os infames estereótipos propagados pelos meios prostituídos de comunicação, em relação aos defensores dos direitos animais. Na verdade, os defensores dos animais são um grupo bem heterogêneo. A heterogeneidade desse grupo social gira em torno de classes sociais, etnias, religiões, política e etc. Mas, de modo geral, os defensores dos direitos animais são pessoas normais. Infelizmente são os extremistas que levam a fama.

A obra oferece também uma panorâmica muito bem elaborada e fundamentada sobre a realidade da exploração animal, expondo a obscuridade dos processos industriais por trás da face do especismo. Não é muito difícil experimentar sensações de misantropia diante dessa imoral realidade. Uma das mensagens que mais me chamou a atenção no livro (apesar de parecer óbvio) é que alimentar essa sensação é um erro (por vezes irreparáveis na minha opinião). Regan em sua perspectiva, explica que se queremos mudanças, essas mudanças dependerão justamente da ação sinérgica de todos nós. Sei a dificuldade que isso representa...

O livro também derruba os argumentos clássicos dos contestadores dos direitos animais, é um verdadeiro manual de debate. Algo que me chamou a atenção foi a questão da suposta incompatibilidade entre a fé cristã e a defesa dos animais. Ele elucida que é perfeitamente lógico ser defensor dos animais e cristão, ao contrário do que muitos querem. Segundo a crença cristã , o homem é um representante de Deus na terra e dominar os animais não significa necessariamente torturá-los e matá-los. Isso ajuda alguns conservadores a considerarem uma mudança. O problema é sobretudo cultural.

Algo que não é exposto no livro mas eu acho interessante comentar é o fenômeno do mimetismo na espécie humana. Somos extremamente miméticos, ou seja, tendemos sempre a imitar comportamentos, principalmente se não tivermos consciência disso. Existe uma teoria social denominada ''espiral do silêncio'' (Elisabeth Noelle-Neumann.) que consiste, a grosso modo, no fato de um determinado círculo social seguir a opinião dominante e as opiniões minoritárias dentro desse círculo se calarem. Ou seja, as pessoas seguem a opinião dominante para se sentirem seguras. Essa é a maior barreira que a defesa dos animais precisa superar. Precisamos fazer o que puder para divulgar o que está por trás da obscura face do especismo e mostrar também que com o veganismo não se perde nada, pelo contrário, ganhamos uma vida nova, novos sabores, um corpo novo, juventude e principalmente consciência tranquila !

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